sábado, 17 de novembro de 2007

Vida Seca

A vida de Sophia se resumia ao nada. Era uma reles digitadora de textos, de um jornal pouco famoso da pequena cidade onde vivia. O amor nunca irrompeu em seu coração. Ouvira de uma amiga, que o amor era como um ataque do coração, quando a pessoa fica no ar por uns momentos.
Certa vez, quando andava por um parque, Sophia trocou olhares com um moço, que fez o favor de se apaixonar por ela. Depois de tempos passando pelo mesmo lugar para ver o amante, ela o conhece, eles namoram, casam. Mas ela não o ama de verdade.
Sophia se considerava pior que o cheiro de lixo, que ao menos ama os urubus que atrai. Ela não amava ninguém, nem nada. Era totalmente infeliz, extremamente fria, eternamente seca.
Cansada de fingir amor por seu marido, Sophia foge, a vida a impulsiona para outro lugar, em busca do ardente amor que causa calafrios na alma, amor que nunca sentiu.
Sophia andava aleatoriamente deixando que o vento a guiasse. Seus cabelos voavam em direção ao desconhecido, a levavam para um mundo esquecido por todos. Ela procura pelas razões da vida, mas não encontra. Sua vida era como um barco furado, que só tende a afundar.
Olhando ao redor, ela encontra seu marido, que a espreitava com olhar estranho. Fica então feliz por ele ter ido a sua procura. Por um momento Sophia sente um frio na espinha e um aperto no coração, pensa que amou o seu marido. Mas não era nada daquilo, o moço ficou com raiva por ela ter fugido e lhe deu um tiro no coração. Sophia cai morta, sem nunca ter encontrado um amor.



Paulo Cilas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ela me lembrou Macabéia...

MIP disse...

Pensando por um lado até que lembra a Macabéia. E comparar o trabalho do MIP com A Ilustríssima Clarice Lispector é uma honra. Obrigado.