domingo, 7 de dezembro de 2008

Sentimento

Tristeza. Só o que tenho. Prendem-me a essa vida. Nada o que fazer. Sem paz e sem amor. Pareço cair em um abismo sem fim, não há fundo. É impossível estatelar-se e morrer, para poder libertar-se dessa vida. Não há início, meio e fim; só existe o tempo, que me consome.
Sempre que passo ela está lá, não me olha. Eu a vejo, ela sorri. É perfeita. Me faz sentir dores nesse meu coração hemorrágico. A vida paralisa os meus passos. O tempo é ordinário, ele me destrói. Cada segundo que vivo na tristeza é um a menos na felicidade. Mas ela não liga. Fica sempre lá, com um sorriso estampado no rosto. A amo.
Pergunto-me para quem ela sorri, deve ser feliz. Deve ter um namorado. Homem de sorte. No modo que a vida me prendeu à tristeza, também a prendeu à felicidade. Os sentimentos não oscilam. Só o cabelo voa. O tempo pára. Queria acreditar que o tempo não existe, mas ele me destrói.
Fui até lá, sorri, ela chorou. Os sentimentos enfim apareceram. Aprendemos a viver, completamo-nos. Saímos dali, podíamos sentir. O homem é vazio sem os sentimentos. Passeamos. Rimos, choramos, nos alegramos. Precisávamos um do outro. O mundo é uma charada. Ter só felicidade na verdade é uma tristeza. Tudo precisa mudar. E nós mudamos. Vivemos e sentimos.


Paulo Cilas.

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